terça-feira, 10 de dezembro de 2013

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O Ciúme


Outra vez aquela coisa avassaladora de perda de mim mesmo.
Ela foi ter com os amigos, e estava tudo tão bem…
Despediu-se com muitas saudades e eu também. Era a primeira vez que nos separávamos desde há uns bons tempos, na qualidade de ser ela a ir embora. 
Chegou à noite e foi bom. Despedimo-nos com um bom beijo no meio da tosta que ela comia antes de ir dormir. 
Acordou no dia seguinte com saudades e eu também. Disse-lhe que tinha acordado com a sua camisa de noite enrolada nos meus ouvidos e ela disse que o devia repetir. Sabia-lhe bem. Isto foi ontem.
Era ontem também que ela ia jantar com os amigos. Eu tinha medo que ali ela se perdesse. È um medo constante…
Arranjei maneira de me distrair e então a Teresa veio jantar comigo.
...
Falámos ao telemóvel ao fim da tarde… queria enroscar-se comigo. Eu também.
O telemóvel dela não tinha bateria, ficámos de nos falar mais tarde na noite, através do telefone da amiga. Ficámos. Mas já não foi esse o tom quando liguei à meia-noite.
Estive a noite toda a pensar que queria ligar, mas também queria dar espaço àquele movimento difícil… sabermos estar sozinhos.
Era bom pensar que o podíamos fazer para depois nos encontrarmos de novo no ninho das saudades. Mas tudo se transforma tantas vezes.
Disse-me que devia ter ligado antes e acusou-me de estar sozinho com a Teresa quando antes eu tinha dito que o Jorge talvez aparecesse. 
Era um tom de morte.
Já não descontraí. O jantar dela tinha acabado num bar onde se encontrava agora com uma amiga mulher e dois colegas homens. Informação dilacerante. È agora que se vai apaixonar por outro. Por acaso ou por vingança, vai apaixonar-se.
“isto vai desligar-se, falamos amanhã”. Morri.
Não sei o que se passou a seguir, em principio nada de especial, ou tudo certamente.
Vazio. Ardor. Rasgo-me. 
Traímo-nos a nós mesmos por mais uma vez não conseguirmos resistir ao medo.
Hoje ela volta para casa. Perguntei-lhe se estava zangada comigo. Disse que não mas tinha que ir. Frio.
Estou eu zangado com os dois de nós. Gostava de dormir só mais um bocadinho.
Traí o meu sono que era denso e o coração bate-me como eu não queria.

Quem dera um dia a gente voltasse a saber voltar um pró outro.

Não deixe que o medo lhe rasgue as costuras do ser. A expressão emocional é a melhor prevenção contra a solidão e o ruído no casal. Experimente e experimente-se. Se tiver problemas, não desista. Não está sozinho. Não está sozinha. Não estão sozinhos. Peçam ajuda.